estar no hospital

newsletter #03

Imagem: Intervenção artística no IPO Porto, imagem do projeto realizado por: Rui Ferro, Susete Rebelo e Marta Lima.

 

Porque é que o adulto não se consegue desligar da impaciência da espera?
A televisão e as revistas são a solução mais utilizada para distrair os adultos que esperam no espaço hospitalar, são uma resposta fácil e bastante instituída. 

Que alternativas arriscaríamos propor para que os adultos se sentissem bem acolhidos e os tempos de espera fossem amenizados?
A Arte Pública, com toda a sua amplitude, é uma resposta. Os inúmeros meios que utiliza e a sua diversidade conceptual, per-mitem soluções variadas. Esta atuação, desenvolvida por equipas interdisciplinares, preocupa-se com a evolvente de quem está à espera, podendo mesmo transbordar para fora de portas. 

A ambição: levar o olhar a passear, recorrendo a intervenções que admitam a interação e a fruição, desde os jogos visuais à simples contemplação. 

Since classical times, art has been associated with hospitals and healing but the literature that attempts to evaluate and identify the benefits is slight. (…) Art schemes therefore usually operate on the basis of hope, faith, and considerable cha-rity. 

(…) However, there are useful ways in which you can to some extent check that your arts scheme is worth the time and effort involved, but this is linked to a complete environmental programme and not just a picture here and there.

(Hosking & Haggard) 

 

Arte Hospitalar

É a Arte pública no Hospital: pensada para o utente, para o seu bem-estar, para minimizar tensões, para aliviar os diferentes momentos da passagem por este lugar. 

O artista é confrontado com o desafio de criar um projeto descentralizado de si próprio que, dentro do conceito de arte con-temporânea, vá além das formas de arte instituídas nos museus ou galerias. Esta é uma arte para o hospital, que participa num edifício, que é para as pessoas e com as pessoas, que acompanha rotinas, que surpreende, que marca um lugar, que con-ta uma história, que distrai…

Porquê? 

Atendendo às condicionantes do espaço hospitalar, a Arte Hospitalar consegue: 

- construir elementos marcantes do espaço que contribuem para a memorização dos lugares. Uma marcação integrada no sistema de comunicação hospitalar, e não casualmente encaixada num espaço que surgiu vago, beneficiando, deste modo, a orientação no espaço; 

- introduzir novos referentes comunicacionais, que se refletem no modo como os utentes se ligam ao lugar e como o recordam. Novos referentes podem construir memórias positivas. 

- contribuir para harmonizar o espaço, valorizando o ambiente natural e afastando-se do ambiente técnico, terapêutico, institucional; 

- dar lugar a intervenções efémeras, em espaços onde o utente passa muito tempo, convidando-o de modo não impositivo, a participar no lugar, uma iniciativa onde o utente também é um criador. 

Envolver os utentes na Arte Hospitalar possibilita a valorização da relação que eles mantêm com o hospital. Ao encontrarem intervenções que a eles se destinam, sentem uma instituição interessada com a sua saúde, uma forma de os proteger do tem-po que não passa e da inquietação e angústia, que lhes roubam energia. 


Acha que a Arte tem lugar num espaço hospitalar? Como? 

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#03 | janeiro 2022 | editado por SR Design: Teresa Calisto e Sofia Rato | sofiarato.com | sofiarato@sofiarato.com